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✫VOID INDICA✫ Yume Nikki - O sonho de um criador que virou o sonho de muitos

Existem certas coisas que nascem organicamente na internet e meio que ganham vida própria. Sejam comunidades dedicadas a uma piada (Como a famosa comunidade do Lindomar - O Ninja Brasileiro, la na época do Orkut), conceitos (Como as Demo Scenes, que se focam em fazer o máximo possível com algum hardware) e em séries de nicho (Como as milhares de fanpages de Homestuck).

Mas existe algo especial em ver um único item, abertamente considerado inacabado e abandonado, ganhar tamanha comunidade que ela se torna um gênero de jogos por si só.
Este é o caso do jogo de hoje, Yume Nikki, desenvolvido pelo misterioso desenvolvedor Kikiyama e lançado em 2004, o pequeno jogo de RPG Maker 2003 se tornou uma das peças de mídias mais influentes das comunidades indie de todos os tempos.


O jogo começou bem modesto, mas em 2007 ele já estava começando a apresentar sinais de que ele seria algo importante para todos, e com isso ele acabou ganhando um patch semi-oficial para inglês feito pela pequena comunidade de fans e com isso acabou explodindo em popularidade.

O jogo se trata de uma premissa simples, você joga com Madotsuki, que segundo a maior parte das explicações do jogo, é descrita como uma Hikikomori, que pode ser traduzido como pessoa que se isola dentro de casa a níveis patológicos, se tornando uma versão moderna do conceito do ermitão.

Ela se recusa a sair pela porta do seu quarto, e as únicas coisas que você pode fazer é jogar um jogo de NES bem fraquinho, chamado Nazu, escrever no seu diário para salvar o jogo e dormir.

Só que ao dormir, você acaba acordando dentro do sonho da Madotsuki, e dentro do sonho, ela aceita abrir a porta do seu quarto, abrindo caminho para o Nexus, uma região dos sonhos dela que tem portas para os mais variados locais do subconsciente dela.

O gameplay se foca em tentar achar os "Efeitos", que são transformações e itens que ela pode encontrar no sonho, que podem ou não dar alguma habilidade única, como a bicicleta que aumenta a sua velocidade, a vassoura de bruxa que permite voar em lugares específicos, o guarda chuva que faz chover e a faca que te deixa matar NPCs.

Mas o que é interessante, e meio surreal em relação a este jogo é que, ele não possui um real objetivo. Você tem todo o mundo surreal dentro dos sonhos da Madotsuki, e você está livre para explorar e conhecer os mais variados locais e passar pela mais variados eventos.

Cada região é recheada e sub regiões, com mapas difíceis de navegar pela primeira vez devido a falta de detalhes óbvios no terreno a primeira vista, e uma grande quantidade de mapas circulares, que não tem limites e só dão a volta em si mesmos.

Não existe uma forma de perder neste jogo, e "ganhar" também não é la a melhor forma de jogar ele. O tema é só experimentar o ambiente, vendo novos detalhes em lugares que você já explorou várias vezes e encontrar eventos raros.

O jogo abriu a porta para um monte de conceitos que se tornaram as fundações de múltiplos gêneros de jogos dentro e fora das comunidades dos makers. Existem hoje em dia Jams com o tema de Yume Nikki, wikias com dezenas de jogos baseados neste conceito, comunidades inteiras de fanart, e o gênero de jogos de terror no RPG Maker praticamente foi criado a partir deste jogo.

Você provavelmente já deve ter jogado algum jogo que teve influências da série (Junto com influências do ogo Corpse Party, outro famoso jogo de terror no RPG Maker), como Ib, Dreaming Mary, Mad Father, Ao Oni, Anodyne, a série Lisa, One Shot, Undertale e Toilet in Wonderland.

Vídeo retirado do canal: Core das Antigas

O clamor da comunidade foi tão grande que, mesmo depois de mais de uma década de silêncio, o misterioso Kikiyama foi contatado por uma publisher, e o jogo foi lançado oficialmente na Steam e até ganhou um remake oficial feito por um outro estúdio, conhecido como Yume Nikki - Dream Diary.

Se quiser a versão original do jogo, você pode pegar ela aqui e aqui. O remake pode ser encontrado aqui.

E ai, gostaram da indicação? Mandem suas opiniões nos comentários.

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